Carlos Taibo em Portugal: o colapso e a sociedade que aí vem animaram debates no Porto, Lisboa e Montemor-o-Novo
Março 24, 2019
Carlos Taibo encerrou este domingo em Montemor-o-Novo o seu périplo por várias localidades portuguesas, que o levou ao Porto, Lisboa (2 sessões) e ao Alentejo para a apresentação da tradução do seu livro "Colapso - capitalismo terminal, transição ecossocial, ecofascismo", editado pela Letra Livre e pelo jornal Mapa.
Durante estes quatro dias, Carlos Taibo manteve contacto directo com largas dezenas de pessoas que estiveram presentes nas diversas sessões (Gato Vadio, RDA49, Universidade Nova, Oficinas do Convento), todas elas animadas por uma assistência numerosa e interveniente.
Em Montemor-o-Novo a sala polivalente das Oficinas do Convento recebeu cerca de três dezenas de pessoas que ouviram Carlos Taibo explicar que o colapso que se avizinha (e do qual disse não ter uma certeza absoluta, mas existir uma probablidade elevada de ele ser inevitável), derivado da necessidade constante de mais energia e do esgotamento das reservas naturais, poderia ser também uma oportunidade para a construção de uma sociedade que não esteja dependente do lucro, mas da satisfação das necessidades básicas do ser humano (materiais, imateriais, cognitivas e sensoriais...) e que esteja assente em premissas como a descomplexização, a destecnologização, a reruralização, a despatriarcalização e a autogestão.
Considerando que o capitalismo hoje é global, a superação do colapso - ou o momento que se lhe seguirá - terá que apontar no sentido de uma sociedade não hierárquica, não autoritária e não centralizada, assente na transição ecossocial e não no modelo oposto, centralizado e hierárquico, que os movimentos ecológicos de raíz capitalista propõem e que representam um perigo real de ecofascismo, uma vez que, conscientes da exiguidade de recursos que existe no planeta, defendem a sua utilização por uma minoria de eleitos, excluindo deles a maioria da população, que seria marginalizada ou mesmo eliminada.
No entanto estes debates foram apenas o início. O livro está aí cheio de informação, de ideias, de propostas, numa excelente tradução, "como já não é comum", de Pedro Morais, como salientou o próprio Carlos Taibo.